data-filename="retriever" style="width: 100%;">Veio a data mais esperada do ano! Para festejar, falarei de três natais que vivi para provocá-lo a revisitar os seus.
O primeiro é de uma viagem para descansar. Me hospedei e, à noite, fui à praça decorada com bonecos de neve e presentes com luz interna. Muita selfie. Quando aumentou o movimento, acompanhei a multidão e avistei o pinheiro gigante no meio da praça.
Anestesiada, falei: como não vi esse colosso? Aí, ouvi uma voz idosa:
- É sua primeira vez aqui? Nosso Natal é famoso.
- A senhora falou comigo?
- Sim. Lhe ouvi resmungar. Sei de gente como você que só trabalha, e não vê o que está perdendo! -, disse-me, apontando para a árvore com luzes e enfeites que remetiam a infância.
Nos dias seguintes, falei muito com ela. Cada vez uma aula da nova amiga de 92 anos. Na despedida, me disse: "Não perca o importante da vida". No hotel, o duro foi ver o que já havia perdido e não recuperaria.
O segundo é de um dia que fui a nossa praça, vi o coreto com presépio, o Papai Noel, e sentei. Um pai e o filho sentaram comigo, apontou e disse: "Veja! É assim que ele dá presente. No Natal, pega o trenó, sobrevoa as casas, e joga o presente pela chaminé".
O guri lhe olhou e disse: "Não temos chaminé. É apartamento. Como deixará meu presente?". Na surpresa, não falou. Olhou-me buscando apoio. Percebi e arrisquei: "Papai Noel deixa com o porteiro, ele entrega aos pais, que colocam na árvore. Entendeu?". O menino me olhou de soslaio e sorriu. Entendi! Pensou e falou: "Direi ao seu Rui para deixar o Papai Noel entrar". Aí, saiu correndo. O pai me agradeceu e foi atrás do filho. Jamais vi aquela dupla.
O terceiro é dos anos 1990, fazia doutorado na Itália, não pude vir, e adotada pelos colegas, andei nos Alpes e soube da tradição de dar o galho de cerejeira na água. Se florescer no Natal, indica ano bom e feliz no amor. Vi o lugar onde cada família, por antiguidade, põe enfeite na árvore da praça. Andei na Vila do Coração, lá o pinheiro é decorado com bolacha de coração desde que o ladrão levou os cortadores do padeiro e só ficou este com uma senhora.
Fui jurada do concurso de presépio. Joguei o Jesus Branco, que é um pinheiro de caixas, uma por participante; no dia do Natal se escolhe um - quem pega o Jesus Branco vence e guarda-o até o ano seguinte. Comi perdiz com polenta preta. Vi mesa decorada com fita, guirlanda, linguiça, flor. Ouvi corais. Vivi a tradição de cortar a árvore na montanha, e vislumbrei o melhor das pessoas. Na última noite, mergulhei no céu estrelado por entre a neve, senti a beleza da vida, e percebi como fui feliz ali!
Estes relatos me lembram o espírito do Natal, o sentido da tradição, o quanto ele tem a ver com quem amamos, que árvore e presépio sempre são bonitos, mas o valioso é a magia do Natal vinda com o Nazareno.
Caro leitor, reviveste algum Natal? Desejo-lhe um dia mágico e cheio de bons momentos.